• 1º Seminário sobre o Transporte Coletivo para Colaboradores da RMTC discute crise da mobilidade urbana

    19/09/2013 Categoria: Por dentro da Rede, Trânsito e Transporte

    Debater a crise da mobilidade urbana e seus desafios e dialogar com os empregados do transporte público coletivo sobre o assunto, compartilhando conhecimento com quem trabalha e vivencia o dia a dia do sistema. Este foi o objetivo principal do 1º Seminário sobre o Transporte Público Coletivo para Colaboradores da RMTC, realizado na última sexta-feira, dia 13, no auditório do SEST/SENAT. O evento foi promovido pelo Grupo de Colaboradores da RMTC em parceria com o Fórum de Mobilidade da Região Metropolitana de Goiânia (RMG), Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP) e Movimento pelo Direito ao Transporte Público (MDT).

    Seminário para colaboradores

    Antenor Pinheiro, coordenador da ANTP Regional Centro-Oeste, abriu o evento falando dos problemas de mobilidade urbana no Brasil e fazendo um comparativo com várias cidades da Europa e Américas. Ele apresentou sugestões de investimentos que podem ser feitos, principalmente, pelo poder público para solucionar a crise, através de medidas que beneficiem o transporte coletivo em detrimento do particular. Segundo Antenor, “Ao poder público cabe, constitucionalmente, induzir as políticas públicas de qualidade para garantir a eficiência dos serviços prestados. Quando ele deixa de investir na infraestrutura do transporte, de trabalhar com mais justiça a tarifa social e de se preocupar com os mecanismos de financiamento do sistema ele está deixando de governar esse serviço”.

    A arquiteta, doutora em Transportes e colaboradora técnica do Fórum de Mobilidade da RMG, Érika Cristine Kneib, abordou a crise e a insustentabilidade do sistema de transporte público na RMG. Ela apresentou dados técnicos, como o comparativo da tarifação nacional em relação a países onde grande parte dos custos é subsidiada pelo governo, e mostrou que a qualidade do transporte coletivo está intrinsecamente relacionada ao valor da passagem. Para Érika, como a população não pode pagar a mais pelo serviço prestado, é necessário pensar em políticas de subsídios para financiar o aumento da qualidade do transporte público, começando pela extinção do subsídio tarifário cruzado e o investimento na melhoria da infraestrutura das cidades.

    Paulo Souza Neto, membro do Secretariado Nacional do MDT, destacou que uma das origens da crise do transporte coletivo são as tradicionais políticas de incentivo ao transporte individual, que agravaram o quadro de deficiência na mobilidade urbana e trazem hoje a sensação de “imobilidade”. Para ele, o poder público deveria investir mais em infraestrutura que auxilie na qualidade do transporte coletivo, como corredores preferenciais, BRTs, VLTs, bicicletas públicas e outros modais integrados que confiram mais sustentabilidade e agilidade ao deslocamento de pessoas. Paulo acredita que só a partir do interesse público na melhoria de todo o sistema de mobilidade urbana é que de fato haverá uma solução para o transporte.

    Ao final das apresentações, os participantes fizeram perguntas aos palestrantes e também apontaram sugestões para a crise no sistema. Antenor Pinheiro avaliou o Seminário e o envolvimento dos colaboradores da RMTC como fundamentais. “Em qualquer processo que interfira em política pública é necessária a participação, a mobilização no diálogo constante de quem é responsável pelo exercício da profissão. Então quando eu falo de transporte coletivo, de mobilidade, eu tenho que ouvir e debater com quem opera o sistema. O fator humano é fundamental e indispensável para qualificar qualquer tipo de política pública”, concluiu.

    Antenor Pinheiro, coordenador da ANTP Regional Centro-Oeste

    Antenor Pinheiro, coordenador da ANTP Regional Centro-Oeste